De vez em quando, no mar de jogos que o Steam recebe semanalmente, jogos diferenciados surgem, que cativam a atenção. Esses jogos podem, como Stardew Valley, aproveitar de um nicho que no PC, não existe. Blood Alloy toma essa tarefa, oferecendo estética e gameplay similares a série Megaman Zero…, mas será que ele conseguiu cumprir a tarefa? O jogo está disponível no Steam por R$ 25,99.
Blood Alloy: Reborn é um shooter plataforma, com habilidades similares as vistas em jogos de Megaman, como tiro carregado, ataques com espada e alta ênfase em mobilidade. Entretanto, o jogo tem o seu foco maior na pontuação ao invés de uma progressão mais tradicional. Ele te joga em uma fase pequena, onde inimigos não descansaram até lhe destruir.
Isso não quer dizer que ele não conte com um sistema de progressão. Pontos adquiridos nas fases viram experiência, que permitem o jogador adquirir novas armas, habilidades e desbloquear fases.
De maneira geral, a jogabilidade é muito agradável. Os comandos são muito responsivos, e é fácil mirar nos inimigos com um dos analógicos e mirar com o outro. Por falar em controles, Blood Alloy: Reborn brilha de verdade quando se joga com um controle, enquanto aqueles que preferirem jogar no teclado podem sofrer um pouco até se adaptarem.
Na mesma via que a jogabilidade é agradável, o jogo dificulta seu próprio aprendizado com instruções confusas. Uma delas, por exemplo, inclui o uso da espada para atacar pontos específicos. Elemento omitido durante o tutorial e que só fui descobrir após algumas horas de jogo. Não vejo o jogador ser encarregado de parte do aprendizado como um erro grave, mas é primeiro necessário mostrar de maneira objetiva quais as ferramentas ele tem em mãos para vencer os oponentes para aí sim começar a adicionar mecânicas mais evoluídas.
Conforme progredia no jogo era que os problemas começavam a surgir. Apesar da jogabilidade divertida, essa limitação de fase por pontos resulta em uma possível repetição constante. O que desgasta e faz com que se sinta preso a uma única fase até se tornar bom de “verdade”. Eu vejo como um sistema que pune mais do que deveria, afinal, não há nada melhor do que a sensação de que você passou de um obstáculo à sua frente e essa repetição torna a recompensa menos valiosa.
Quando o assunto é a estética, não há o que reclamar de Blood Alloy Reborn: Além de muito agradável, os personagens são bem animados e muitas vezes me lembrou novamente a série Mega Man Zero. Outro aspecto que merece elogios é a trilha sonora, talvez uma das minhas partes favoritas do game.
Infelizmente, por mais que tentei ser compreensível ao fato de ser uma equipe pequena, Blood Alloy: Reborn possui inúmeros bugs, sendo alguns deles severos. Um que presenciei pessoalmente foi o corrompimento do meu save, que ao atingir o nível 6 fazia com que o jogo travasse. Após uma atualização, o erro persistia e fui obrigado a usar outros métodos para conseguir avançar. Coisa que nem todo jogador vai ter a paciência de resolver esses problemas.
O segundo bug que incomodou um tanto foi com armas bloqueadas, onde por algum motivo ainda desconhecido para mim, era capaz de selecionar armas que não estariam acessíveis para meu nível. Consequentemente, todo o meu trabalho para avançar na progressão seria em vão, mundano e inútil.
Eu acredito que todas as peças para transformar Blood Alloy: Reborn em um jogo ainda divertido estão alinhadas. É uma jóia que ainda está em seu estado bruto, que precisava de uma dose extra de polimento antes de chegar nas mãos dos jogadores.
Se você quer um pouco de ação na sua vida, uma jogabilidade intensa e uma trilha sonora de bater palmas, não deixaria de recomendá-lo. Mas fique atento, pode ser que a maior batalha não será contra os inimigos, mas contra os próprios bugs.
A análise foi feita com base em uma cópia para PC fornecida pela Nkidu Games
Blood Alloy: Reborn
Total - 6
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Blood Alloy é ágil, divertido e eletrizante. Porém, a falta de atenção na fase de polimento prejudica um um senhor jogo de ação para quem curte games no estilo “score-attack”. Ele trilhou o caminho certo, apenas não chegou lá.