Joguei diversos jogos com curvas de aprendizado elevadas, como Super Meat Boy, Hotline Miami ou a série Souls. Entretanto, e ironicamente, foi em Absolute Drift: Zen Edition, onde encontrei as maiores curvas, tanto fisicamente quanto subjetivamente. O jogo de corrida está disponível no PlayStation 4 e Steam a partir de R$23,99.
Apesar do seu visual minimalista, Absolute Drift se trata de um simulador da arte de Drift, técnica criada há 45 anos no Japão, onde ao frear e manter o controle do carro, o piloto consegue sair de uma curva numa velocidade maior que o normal.
De cara fica óbvio que para alguém que não é tão familiarizado com o universo do drift — como eu — a curva de aprendizado é altíssima. Absolute Drift: Zen Edition te joga de cara no modo livre apenas com dicas sobre as funções de cada botão.
O modo tutorial é risível. Nenhum tipo de dica ou instrução, além do objetivo é dada. A única coisa que se assemelha a um tutorial são as mensagens, na tela de carregamento, que oferecem algumas dicas para quem está tendo dificuldade. Dicas vagas como maneirar na velocidade na velocidade ou usar freio de mão.
Devido a isso, as primeiras horas do jogo, para iniciantes, são um teste de paciência. É perceptível que existe um jogo bom ali, mas é preciso um grande investimento até que se adapte com as mecânicas.
A perspectiva isométrica do jogo também me gerou dificuldade. Após horas de jogo continuou a ser difícil me acostumar com a mudança constante de direções, de esquerda para direita, de direita para esquerda, etc. Diferente de outros jogos de corrida, a perspectiva te dá uma visão maior da pista, mas a confusão mental não vale a mudança.
Absolute Drift: Zen Edition não é muito longo. A cada mundo visitado, além das fases normais, tanto de pura pontuação quanto pistas, são dados desafios a serem feitos no modo livre, como fazer um drift embaixo de um guindaste ou pular por uma ponte. Ao completar todos esses desafios, o jogador pode prosseguir ao novo mapa, com novas pistas. A ideia do jogo é voltar várias vezes, para aperfeiçoar sua pontuação.
Ele é provavelmente um dos jogos mais decididos e concretos, no que se refere a sua estética. O gráfico “low poly”, junto do uso de cores solidas, resulta em algo simples, mas com personalidade. Pessoalmente gosto desse retorno da arte “low poly misturado com flat shade”, então Absolute Drift me agradou bastante.
Sua trilha sonora também é excelente, onde a escolha do gênero Drum & Bass casou muito bem com a simplicidade gráfica do jogo. Ela é tão integral ao jogo que recebe até um botão especifico de skip das suas tracks no controle.
Para quem já era dono de Absolute Drift, a Zen Edition adiciona 35 novos eventos, eventos noturnos, suporte a replays, a chance de competir contra “fantasmas” de seus amigos ou de outros jogadores na tabela de liderança.
Para quem gosta de correr contra o tempo, fazer pontos, as adições são interessantes, mas para mim de nada serviram. O tempo que gastei para chegar em um ponto onde eu me considero “bom” no jogo foi mais do que o suficiente para ficar cansado dele.
Há jogos que são capazes de inserir uma dificuldade progressiva que evolui da mesma maneira que o jogador expande as suas habilidades e Absoute Drift: Zen Edition falha completamente nisto. Não é apenas um “se vira” que vai me dar vontade de jogá-lo. Possuir uma base, uma noção e aí sim ser recompensado por expandi-la é o que me dá esse desejo. Toda animação que eu tinha foi embora de tanto dar com a cara no muro sem um porquê.
Absolute Drift: Zen Edition é um jogo excelente para quem não se importa com uma curva de aprendizado alta e não se importa com um conteúdo relativamente repetitivo. A falta de um tutorial melhor desenvolvido faz com que eu fique receoso em recomendar exceto para os mais entusiastas de drift.
Absolute Drift: Zen Edition
Total - 7
7
Absolute Drift: Zen Edition acerta na estética e trilha sonora. Mas não consegue entregar um pacote que possa ser apreciado por todo fã de corrida. Entusiastas em drifts, pessoas que gostam de uma alta curva de aprendizado? Vão fundo. Para o resto, é melhor se manter nos jogos mais tradicionais.