Se ao bater o olho em 8-Bit Armies, o primeiro pensamento é “Parece igual Command & Conquer!”, bem, isto é um problema. O novo jogo da Petroglyph chega com aquela sensação de nostalgia. Mas a nostalgia é uma das coisas mais traiçoeiras do mundo. Ele está disponível por R$ 27,99 no Steam.
8-Bit Armies é construído na premissa de “modernizar” Command & Conquer para uma nova geração. Quase tudo que tornou o game desenvolvido pela Westwood um sucesso está aqui. A interface, o típico chamado “Welcome Back Commander”, os edifícios e as estruturas.
Porém, isso tornou Command & Conquer um sucesso em meados dos anos 90, quando o mercado de estratégia não era tão acirrado e ainda tínhamos (e temos) muitas águas a serem exploradas. Hoje em dia? Bem, não muito. Mas, vamos por partes e atacar o problema principal de 8-Bit, armies, o qual carinhosamente chamei de o problema do “Um recurso”.
Recursos não renováveis dispostos no mapa são algumas das maneiras de um desenvolvedor estabelecer o ritmo de expansão de um jogador dentro de uma partida. Em Starcraft temos os minerais e os gases, Age of Empires nos mostra metais, alimentos e por aí vai. 8-Bit Armies — assim como Command & Conquer — conta com somente um, petróleo. O segundo recurso, energia, pode ser facilmente gerenciado com a construção de usinas em sua base.
Isso resulta quase em uma “corrida pelo ouro” para ver quem constrói refinarias mais rápido e recruta a maior quantidade de unidades. 8-Bit Armies em certos momentos faz parecer que as minhas partidas de Starcraft II eram lentas e isso não é algo que eu falo de maneira orgulhosa.
Há um motivo para gerenciar tanto as unidades no game da Blizzard, elas possuem ótima sinergia entre si. Em 8-Bit Armies é mais o caso a incompetência da inteligência artificial não acertar o caminho desejado e a gigantesca quantidade de unidades que você consegue ter em apenas quatro minutos de jogo.
Com apenas uma facção disponível, as partidas se resumem a: Tenha um grande exército -> ataque -> aguarde -> vença. Pedra papel e tesoura da maneira mais previsível possível. O soldadinho é mais fraco que o veículo, que é mais fraco que é o tanque que é mais fraco que o helicóptero e ele reina supremo sobre todas as outras unidades.
Nisto chegamos ao segundo problema seríssimo de 8-Bit Armies. Como se já não bastasse a corrida, não há motivo algum, repito, algum, para desenvolver uma boa composição de exército. A partir do momento que tem helicópteros o suficiente, a partida está ganha. Só piora quando jogado contra a inteligência artificial, que não tem a menor ideia de como contra-atacar estas unidades.
O problema se tornou claríssimo em uma partida onde eu decidi micro gerenciar meus helicópteros para atacar apenas as estruturas que gerassem energia para a base inimiga. A inteligência artificial não sabia o que fazer. Uma situação até que cômica ver o oponente com as unidades paradas e talvez com um pensamento de, “mas que diabos está acontecendo? ”.
A própria oferta de um modo para um jogador chega a ser uma afronta de maneira geral. Além das batalhas tradicionais, a Petroglyph inclui um modo “campanha” e um modo “co-op”. Ambos não só abaixo de qualquer expectativa minha — que a essa altura já chegava bem próxima do núcleo da Terra — como também conseguem superar a definição de chato. Vá ali, destrua uma base, defenda a própria base da investida inimiga. Pela milésima vez eu vejo uma campanha que não tem motivo para estar ali a não ser agradar meia dúzia de pessoas, e nem estas deve agradar de tão insalubre que é.
Como se já não bastassem os inúmeros problemas listados, nem mesmo a interface, sim, a interface de um jogo de estratégia desenvolvido pela mesma empresa que fez Grey Goo e Star Wars: Empire At War, consegue acertar.
Por apostar na mesma estrutura de Command & Conquer, ela trouxe por algum motivo que ainda não sei explicar, os problemas dela. Você pode designar grupos para os soldados com o Ctrl, porém você tem de memorizá-los já que os mesmos não têm uma informação visual na tela. Quer saber por que você não pode construir uma refinaria ou um heliporto em um local específico? Boa sorte, o jogo não te diz nada.
Pode soar que estou sendo crítico demais, mas com exceção da trilha sonora e os gráficos carismáticos, 8-Bit Armies é incapaz de acertar qualquer coisa. Parece menos um jogo e mais uma ideia em desenvolvimento. Imagino alguém na Petroglyph chegar e falar “Ei, pessoal, e se modernizássemos Command & Conquer?”, todos ficassem entusiasmados e no meio do caminho decidissem que não valia o esforço.
Se você quer tentar reviver a época áurea de Command & Conquer da maneira mais atrapalhada possível, lidar com um milhão de problemas, não ter stress em se preocupar qual unidade construir ou não construir, vá em frente. Eu prefiro continuar com outros jogos de estratégia mais polidos e mecanicamente mais interessantes.
A análise foi feita com base em uma cópia para PC fornecida pela Petroglyph
8-Bit Armies
Total - 4.5
4.5
8-Bit Armies aposta na nostalgia a um ponto que chega a enjoar. É fraco em praticamente todos os aspectos, um jogo de estratégia raso, desinteressante e inacabado. Reflete um mercado que, salvo exceções, não soube expandir e se a adequar uma nova geração. Que as memórias dos clássicos permaneçam intactas na minha mente, porque pelo visto voltar elas não vão.